Poemas que gosto, poemas que nem gosto, mas que vem brincar por aqui por acaso...

Poema ao acaso


Agora, apodrecer.
Nas ruas, no suor das mãos amigas dos amigos, na pele dos espelhos...
desespero sorrido, carne de sonho público, montras enfeitadas de olhos...

...mas apodrecer.

Bolor a fingir de lua, árvores esquecidas do princípio do mundo...
"como estás, estás bem?", o telefone não toca! devorador de astros...

... mas apodrecer.

Sim, apodrecer
de pé e mecânico,
a rolar pelo mundo
nesta bola de vidro,
já sem olhos para aguçar peitos
e o sol a nascer todos os dias
no emprego burocrático de dar razão aos relògios,
cada vez mais necessários para as certidões da morte exata,

Sim, apodrecer ...

"...as mãos, a còlera, o frio, as pálpebras, o cabelo
a morte, as bandeiras, as lágrimas, a república, o sexo...

... mas apodrecer!

Sujar estrelas.


03 março, 2006

Brincando no parquinho

Quando eu tinha uns 9 anos e altura de uns 12, o guarda do parquinho dizia pra mim: "Menina, você já está muito grandinha pra brincar nesses brinquedinhos de criança. Vai quebrar. Deixa para os pequenos".

E assim, embora discordando que eu não fosse mais criança, destituída do meu direito fundamental, eu terminava evitando os brinquedos e me voltando para outras diversões como palavras cruzadas, gibis e a observação das pessoas, através da qual eu escrevia tantos textos mentalmente.

O parquinho era na Praça Rotary, a da Biblioteca Monteiro Lobato, no centro de São Paulo, onde fui criada. Anos depois, muitas histórias a contar de lá, mas isso é outro post, não vamos misturar as coisas.

A questão é que parei de fazer muitas coisas que gostava na vida, assim como se tivesse ainda um guardinha me dizendo pra parar. E hoje eu resolvi que já estou sim bem grandinha para deixar que isso aconteça.

O parquinho agora é todo meu, e eu convido quem quiser pra brincar comigo. Vamos aproveitar esse brinquedo velho que é escrever, e ir construindo outros.

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu ainda adoro balançar, bem alto! IR e vir bem rápido! Só falta o balanço...
Que bom que você dispensou o guardinha chato! Esses guardinhas não ajudam em nada, só atrapalham. Depois de adulto, brincar torna-se uma ousadia. Adorei essa sua idéia de brincar de escrever. Por mais inocente que seja, escrever é sempre uma forma de se mostrar, de se expor. Parabéns pela audácia! Voltarei outras vezes no seu "parquinho" para brincarmos juntas.
Beijo grande!
Rê Moura

Anônimo disse...

Ei! Eu sou o guardinha, que é que vocês estão falando? Pode balançar aqui não. Por que vcs num vão ajudar a mãe de vocês a limpar a casa. Já estão grandinhas.

Bete disse...

Que legal!! Enfim está colocando os seus sonhos em prática! Escrever é muito bom, mesmo! e eu ficarei aqui lendo e torcendo por você. Manda prender o guardinha chato... Parabéns!!

Áurea disse...

AMANHÃ AINDA É DIA, E NUNCA VAI SER TARDE...PRA IR REALIZAR O SONHO!

O novo Ano Novo...